quinta-feira, 20 de abril de 2017

O verdadeiro significado do nome Marabá

Vamos tentar abrir a mente dos que aprenderam de outra forma. De agora em diante teremos maior compreensão, pois, ficou consolidado que a palavra Marabá é de origem indígena, da tribo tupi- guarani. Essa palavra era usada pelos índios daquela tribo para indicar as pessoas no caso indesejável na sua cultura. Para eles quando uma criança nascia com  deficiência física ou os gêmeos, no caso o que nascia por último poderia trazer tanto benéficos como malefícios, mas como eles temiam  desgraças para a tribo, preferia sacrificar a criança.

A palavra Marabá era usada também para indicar as pessoas nascidas das misturas de índios com brancos, mestiço. Essas pessoas eram descriminadas pela tribo, pois eles  julgavam imperfeitos para a cultura indígena. Gonçalves Dias escreveu um poema de nome Marabá que relata a luta de uma donzela mestiça para ser aceita e amada pela tribo. Ele construiu o poema a partir de um fato verídico ocorrido com um guerreiro e fez um belo trabalho. 

Francisco Coelho, era admirador de Gonçalves Dias e por isso colocou o nome Marabá na sua primeira casa construída logo que chegou aqui. Esse nome foi que mais tarde deu origem ao nome da nossa cidade. Mas, vou contestar um pouco, quem primeiro adotou o nome foi o Coronel Carlos Leitão, no Burgo do Itacaiúna quando construiu um barracão. Depois é que vieram para o Pontal e Francisco Coelho teve como sócio Francisco Casemiro na Casa Marabá, que não existe mais. Isto tudo parece muito bem assentado.



A história é outra

Agora eu quero que você vejam o significado que veio dos índios, não dos catequizadores como apresentado acima. Os nativos destas terras tinham seus mitos, suas ninfas, fadas e duendes. Cada um destes mitos tinham uma tarefa específica na Terra. E Marabá era a ninfa protetora dos animais. Nunca os índios iam à caçada sem que o pajé conseguisse licença da maravilhosa Marabá. A licença era concedida na condição que os animais a serem abatidos não estivessem prenhe, nem amamentando seus filhotes e nem iriam sofrer muitas dores, pois as flechas seriam guiadas por mãos firmes.

A maravilhosa Marabá, mais tarde não mais era relacionada com a protetora dos animais. Os missionários combatendo incansavelmente a fé dos selvagens nos entes da natureza, para no seu lugar colocar os nomes dos santos da igreja.


Agora, na vida nas matas, na busca de víveres, Marabá era um ente espiritual muito entranhado nas lidas diárias na caça de animais como alimento primordial. Isto demonstra o destaque cultural destes e a necessidade dos missionários em atacar fortemente essas crendices. E os religiosos cobriram com sua cultura religiosa a dos índios, sufocando e modificando os hábitos há muito sedimentado. 


Passaram a aplicar o nome Marabá, para os filhos de índia com branco ou com índio de tribo inimiga, que equivaleria a ser "filho da p... (pensei em não colocar isso, mas, tá na obra do Professor Brandão). O nome Marabá, como está posto nas manifestações literárias até agora conhecidas, tem significado pejorativo, por causa do efeito profundo causado pelo significado dado ao nome pelos religiosos ansiosos em modificar a cultura destes.


A busca cultural no seu aspecto primordial e a recíproca, alicerça-se no relacionamento índio-bandeirante-missionário. Foi a colonização do nosso país que produziu a miscigenação da cultura afro-brasil-índia, trazendo à tona costumes, mitos e lendas que enriqueceram a nossa língua. Isso de miscigenação não era fator determinante para os índios, pelo contrário, sempre buscavam conservar a sua tradição.


Marabá, o rejeitado, não era somente o ser mestiço, isto é, ser filho de branco com índia ou desta com prisioneiro de tribo inimiga, eram também os filhos gêmeos, neste caso só o que nascia primeiro era normal, o outro era rejeitado, também os filhos que nascessem com defeitos físicos, eram assim considerados. A força estava com os colonizadores e com os religiosos. Prevaleceu a cultura do mais forte.


O poeta Antônio Gonçalves Dias, muito tempo depois de nossos nativos, dando vazão ao seu aguçado faro romântico, imaginou uma bela Marabá solitária, embora não devorada mas rejeitada pela sua raça, por ser filha da Kunhãmembyra, escreveu uma poesia bastante curiosa, com base em uma história real, já há muito tempo depois e fez sucesso. Mais uma consolidação do termo errôneo.


Foi Francisco Casemiro de Souza, cearense de Camocim, nascido em 14 de outubro de 1851, o responsável pelo nome dado à nossa cidade ao recitar a poesia de Gonçalves Dias no ato da inauguração do barracão em 07 de junho de 1898, no Burgo do Itacaiúna. 


Enfim, os missionários trabalhavam a cabeça dos índios para tirar-lhes a crença nos enteais da natureza... E diziam existir demônios para amedrontá-los e com esse procedimento destruíam a maior parte da cultura indígena tanto assim, que conseguiram retirar da cabeça das novas gerações, que Marabá não era a deusa dos animais, mas sim, a mestiça de índio com branco, odiada por todas as tribos, tudo fizeram para endemoniar este enter benfeitor, tornando-o ruim, maldito. A verdade é essa, pelo jeito venceu a força dos brancos conquistadores.



Parte do texto extraído da obra: As origens de Marabá - volume 1 - de 1590 - 1913, páginas 237 e 238, de José da Silva Brandão, Editora Chromo Arte

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